Cientistas receberam financiamento da Bill & Melinda Gates Foundation para desenvolver uma nova forma de administração da vacina contra a poliomielite, como parte de uma iniciativa global para acabar com a doença. A pólio foi erradicada na região europeia da Organização Mundial da Saúde em 2002, mas no resto do mundo 1.294 novos casos foram registrados em 2010, com as maiores incidências na Índia, Paquistão, Afeganistão e Nigéria.
O pesquisador Simon Carding está liderando o projeto. " A vacina atualmente em uso inclui a administração oral de tipos atenuados do vírus em si e tem uma eficácia reduzida em crianças que vivem em ambientes pobres. Houve surtos realmente causados pela vacina. Isto faz com que não se queira vacinar as crianças, o que é um praga dupla já que é necessário vacinar 90% dos indivíduos a fim de estabelecer imunidade de grupo para que a população como um todo e, em particular, as crianças sejam protegidas" , disse Carding.
A poliomielite é adquirida por meio de água contaminada, alimentos e condições insalubres. A vacina precisa ser apresentada oralmente para entrar em contato e proteger o trato gastro-intestinal, que é a via pela qual o vírus entra no corpo. Carding e o professor Tom Wileman estão adaptando um método de administrar a droga que desenvolveram previamente e que já obteve sucesso no tratamento da doença inflamatória intestinal.
" Nosso sistema envolve a administração de uma bactéria que normalmente reside no intestino grosso de todas as pessoas e que vamos manipular para produzir a vacina contendo pitadas de partículas virais em resposta a um açúcar chamado xilana. O xilana é extraído da casca de arroz e de trigo e pode ser administrado em uma bebida" , explica Carding. Durante a exposição ao xilana na bebida, a bactéria começa a produzir os antígenos da vacina. Diante disso, as células do sistema imunológico do intestino respondem e oferecem proteção contra a infecção pelo vírus da pólio.
A ajuda financeira de US$ 100 mil permitirá que os pesquisadores descubram se a vacina funciona de forma eficaz contra a doença viral, quanto tempo duraria a imunidade e qual deve ser a dose. Se esta primeira fase for bem sucedida, a vacina passa para ensaios clínicos e pode estar em uso dentro de três a quatro anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário