1a) A regência do verbo DESCULPAR
Leitor afirma: “Não concordo com a frase : Que tal? Desculpem a falta de modéstia. Aprendi: quem desculpa, desculpa alguém de alguma coisa. Portanto, o certo não seria: Desculpem da falta de modéstia? Alguns locutores de noticiário, sobretudo da Rede Globo, dizem: Desculpem a nossa falha. Quando o correto é: Desculpem da nossa falha técnica.”
O professor Luiz Antônio Sacconi, em seu livro 1000 erros de Português, 5ª edição, também critica a tal frase. Segundo o mestre, “a frase que os homens da televisão devem dizer, após um problema técnico, é esta: Desculpem-nos da nossa falha.” O mesmo professor, no livro Não erre mais, defende mais uma vez a regência do verbo: “Tanto desculpar (absolver, relevar) quanto desculpar-se (pedir desculpas) regem “de”, e não por.” Mais adiante afirma: “Desculpar-se (perdoar) ‘’é transitivo direto e indireto e rege a preposição “a” (…) Nesse mesmo sentido pode ser construído como transitivo direto: O chefe não desculpava os erros de seus funcionários.”
Não há dúvida de que o verbo desculpar, no sentido de “perdoar”, pode ser usado como transitivo direto (=sem preposição). Os nossos dicionários comprovam isso: “Não sabia como desculpasse …os pecados do povo” (Caldas Aulete), “Desculpou a inadvertência do funcionário.” (Michaelis).
O problema é o uso do verbo desculpar-se, no sentido de “pedir desculpas”. Nesse caso, há uma certa uniformidade entre nossos autores: desculpar-se “de” alguma coisa. Assim sendo, em textos formais, a regência clássica exigiria: “Desculpem-me da falta de modéstia” e “Desculpem-nos da nossa falha”.
Entretanto, na linguagem coloquial brasileira, não há dúvida de que a regência popular vem consagrando o verbo desculpar, tanto no sentido de “perdoar” quanto no de “pedir desculpas”, como transitivo direto (=sem preposição). Não devemos, portanto, reduzir o caso a uma simples questão de certo ou errado. É, portanto, mais um problema de adequação da linguagem: em textos formais, você deve “desculpar-se de alguma coisa”; em textos informais, você pode “desculpar alguma coisa”.
2a) Uso do INFINITIVO PESSOAL
Carta de leitor: “A minha dúvida é sobre as seguintes construções:
1ª) Fama e Beleza Plástica, malhação e outros truques das celebridades para FICAR mais bonitas.
2ª) Os pacientes da doutora Valéria, uma atrasada assumida, aguardam em média uma hora para SER atendidos.”
1ª) Fama e Beleza Plástica, malhação e outros truques das celebridades para FICAR mais bonitas.
2ª) Os pacientes da doutora Valéria, uma atrasada assumida, aguardam em média uma hora para SER atendidos.”
A dúvida do nosso leitor é a mesma de muita gente boa. Quanto ao uso do infinitivo, há muita divergência entre os estudiosos. Já discutimos o assunto mais de uma vez. Para alguns autores, o infinitivo nunca se flexiona; outros afirmam que é um caso facultativo; e há aqueles que exigem a concordância no plural.
A minha preferência é flexionar o infinitivo em três situações:
1a) Quando o sujeito plural vier expresso imediatamente antes do infinitivo:
“Houve uma ordem para os alunos saírem.”
“O professor mandou os alunos saírem.”
2a) Quando houver perigo de ambiguidade:
“O professor liberou os alunos para verem o jogo.”
(=para que os alunos vissem o jogo, e não somente o professor)
3a) Na voz passiva ou com verbos de ligação:
“…e outros truques das celebridades para ficarem mais bonitas.”
“Os pacientes aguardam em média uma hora para serem atendidos.”
3a) Regência do verbo INFORMAR
O verbo informar é transitivo direto e indireto. Você pode informar alguma coisa (OD) a alguém (OI) ou informar alguém (OD) de alguma coisa (OI).
Construir a frase com dois objetos indiretos é considerado erro: “Venho informar aos senhores associados (OI) das novas alterações estatutárias (OI).”
Há duas opções corretas:
1a) “Venho informar aos senhores associados (OI) as novas alterações estatutárias (OD).” ou
2a) “Venho informar os senhores associados (OD) das novas alterações estatutárias (OI).”
2a) “Venho informar os senhores associados (OD) das novas alterações estatutárias (OI).”
Leitor quer saber se a construção “Vem informá-lo que…” estaria certa ou errada.
Sem dúvida, não é a melhor construção.
Prefiro: “Vem informar-lhe (OI) que…(OD)” ou
“Vem informá-lo (OD) de que… (OI)”.
“Vem informá-lo (OD) de que… (OI)”.
Na frase “Vem informá-lo que…”, teríamos dois objetos diretos. Entretanto, não posso considerar uma construção errada, pois muitos autores afirmam que o uso de preposições antes da conjunção integrante “que” não é obrigatório:
“Eu preciso (de) que você me ajude.”
“Eu acredito (em) que ele volte.”
“Tenho a certeza (de) que ele voltará.”
“Eu preciso (de) que você me ajude.”
“Eu acredito (em) que ele volte.”
“Tenho a certeza (de) que ele voltará.”
Assim sendo, a frase “Ele vem informá-lo (de) que a reunião será às 10h” é aceitável.
Fonte: G1
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