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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DICAS DE PORTUGUÊS


1a) A regência do verbo DESCULPAR
Leitor afirma: “Não concordo com a frase : Que tal? Desculpem a falta de modéstia. Aprendi: quem desculpa, desculpa alguém de alguma coisa. Portanto, o certo não seria: Desculpem da falta de modéstia? Alguns locutores de noticiário, sobretudo da Rede Globo, dizem: Desculpem a nossa falha. Quando o correto é: Desculpem da nossa falha técnica.”

O professor Luiz Antônio Sacconi, em seu livro 1000 erros de Português, 5ª edição, também critica a tal frase. Segundo o mestre, “a frase que os homens da televisão devem dizer, após um problema técnico, é esta: Desculpem-nos da nossa falha.” O mesmo professor, no livro Não erre mais, defende mais uma vez a regência do verbo: “Tanto desculpar (absolver, relevar) quanto desculpar-se (pedir desculpas) regem “de”, e não por.” Mais adiante afirma: “Desculpar-se (perdoar) ‘’é transitivo direto e indireto e rege a preposição “a” (…) Nesse mesmo sentido pode ser construído como transitivo direto: O chefe não desculpava os erros de seus funcionários.”

Não há dúvida de que o verbo desculpar, no sentido de “perdoar”, pode ser usado como transitivo direto (=sem preposição). Os nossos dicionários comprovam isso: “Não sabia como desculpasse …os pecados do povo” (Caldas Aulete), “Desculpou a inadvertência do funcionário.” (Michaelis).

O problema é o uso do verbo desculpar-se, no sentido de “pedir desculpas”. Nesse caso, há uma certa uniformidade entre nossos autores: desculpar-se “de” alguma coisa. Assim sendo, em textos formais, a regência clássica exigiria: “Desculpem-me da falta de modéstia” e “Desculpem-nos da nossa falha”.

Entretanto, na linguagem coloquial brasileira, não há dúvida de que a regência popular vem consagrando o verbo desculpar, tanto no sentido de “perdoar” quanto no de “pedir desculpas”, como transitivo direto (=sem preposição). Não devemos, portanto, reduzir o caso a uma simples questão de certo ou errado. É, portanto, mais um problema de adequação da linguagem: em textos formais, você deve “desculpar-se de alguma coisa”; em textos informais, você pode “desculpar alguma coisa”.


2a) Uso do INFINITIVO PESSOAL
Carta de leitor: “A minha dúvida é sobre as seguintes construções:
1ª) Fama e Beleza Plástica, malhação e outros truques das celebridades para FICAR mais bonitas.
 

2ª) Os pacientes da doutora Valéria, uma atrasada assumida, aguardam em média uma hora para SER atendidos.”

A dúvida do nosso leitor é a mesma de muita gente boa. Quanto ao uso do infinitivo, há muita divergência entre os estudiosos. Já discutimos o assunto mais de uma vez. Para alguns autores, o infinitivo nunca se flexiona; outros afirmam que é um caso facultativo; e há aqueles que exigem a concordância no plural.
A minha preferência é flexionar o infinitivo em três situações:

1a) Quando o sujeito plural vier expresso imediatamente antes do infinitivo:
“Houve uma ordem para os alunos saírem.”
“O professor mandou os alunos saírem.”

2a) Quando houver perigo de ambiguidade:
“O professor liberou os alunos para verem o jogo.”
(=para que os alunos vissem o jogo, e não somente o professor)

3a) Na voz passiva ou com verbos de ligação:
“…e outros truques das celebridades para ficarem mais bonitas.”
“Os pacientes aguardam em média uma hora para serem atendidos.”


3a) Regência do verbo INFORMAR
O verbo informar é transitivo direto e indireto. Você pode informar alguma coisa (OD) a alguém (OI) ou informar alguém (OD) de alguma coisa (OI).
Construir a frase com dois objetos indiretos é considerado erro: “Venho informar aos senhores associados (OI) das novas alterações estatutárias (OI).”

Há duas opções corretas:
1a) “Venho informar aos senhores associados (OI) as novas alterações estatutárias (OD).” ou
 

2a) “Venho informar os senhores associados (OD) das novas alterações estatutárias (OI).”
Leitor quer saber se a construção “Vem informá-lo que…” estaria certa ou errada.
Sem dúvida, não é a melhor construção.
Prefiro: “Vem informar-lhe (OI) que…(OD)” ou
“Vem informá-lo (OD) de que… (OI)”.
Na frase “Vem informá-lo que…”, teríamos dois objetos diretos. Entretanto, não posso considerar uma construção errada, pois muitos autores afirmam que o uso de preposições antes da conjunção integrante “que” não é obrigatório:
“Eu preciso (de) que você me ajude.”
“Eu acredito (em) que ele volte.”
“Tenho a certeza (de) que ele voltará.”
Assim sendo, a frase “Ele vem informá-lo (de) que a reunião será às 10h” é aceitável.

Fonte: G1

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